No caminho das águas

por Luana Carvalho

Nascida no interior de Minas Gerais, Ana Sátila foi morar no Mato Grosso onde nas trilhas do Rio das Mortes conheceu a canoagem. A classificação para os Jogos Olímpicos Londres 2012 foi conquistada dois dias antes de completar 16 anos, quando venceu o Campeonato Pan-americano, em Foz do Iguaçu, cidade onde vive atualmente.

Começou a praticar esportes com a ajuda do pai, o ex-boxeador Cláudio Vargas. Romualdo Júnior foi quem a inseriu na canoagem, sua grande paixão. No ano passado, disputou o Mundial de Bratislava, na Eslováquia, e ficou com a 45ª colocação. Nas disputas em Londres 2012, ficou em 13º lugar.

Nascida no dia 13 de março de 1996, Ana foi, com apenas 16 anos, a mais jovem atleta da delegação brasileira nos Jogos de Londres de 2012. Atualmente, é treinada pelo italiano Ettore Vivaldi. A atleta almeja nos seus planos para o futuro as Olimpíadas de 2016.

 

Onde você nasceu? Como foi a vida em Primavera do Leste-MT e como surgiu o interesse pelo esporte?

Eu nasci em Iturama-MG, me mudei para o Mato Grosso com seis anos de idade, aos sete eu já praticava natação e boxe com o meu pai que sempre foi apaixonado pelo esporte. Dois anos depois, com nove anos, eu conheci a canoagem e comecei a praticar como um hobby por que até então a natação era prioridade, mas eu gostei tanto que preferia muito mais passar horas no barco do que nadando e então não quis saber de parar mais.

 

Como é a sua rotina como atleta? Como funcionam as competições? Quais etapas a serem seguidas?

Eu, como qualquer atleta de alto nível, tenho uma rotina bem corrida, minha vida é dedicada aos treinos, que são a parte mais importante do dia, faço faculdade de Educação Física, mas a maioria do meu tempo é na água ou fazendo alguma coisa relacionada ao esporte. As competições internacionais começam em junho, sendo cinco etapas de copa do mundo e o campeonato mundial, todas em países diferentes. Esse ano, nossa meta é participar de todas as competições internacionais.

 

Como foi ser a atleta mais jovem na delegação brasileira nos Jogos de Londres de 2012?

Participar dos Jogos Olímpicos tão jovem foi o melhor prêmio que eu poderia receber, toda a experiência que conquistei, as metas que eu alcancei vão me fazer chegar mais longe nos meus próximos objetivos e não existe nada melhor que isso na vida de um atleta.

Ana foi Campeã Mundial Júnior na categoria Slalom em abril deste ano. (Crédito: Sportscene)

Quais são as dificuldades como atleta? A questão de patrocínio ainda é um problema?

A canoagem está com um grande patrocínio agora e é a primeira vez que isso acontece, está nos ajudando muito. Antes, com certeza, foi muito mais difícil, tivemos que ralar muito para chegar até aqui, mas agora as coisas mudaram totalmente.

 

O que mudou na sua vida depois de ser destaque em alguns campeonatos? Eu sei que já mudou de cidade, mas o que mudou, além disso?

Estou morando em Foz do Iguaçu agora para melhor treinar, mas principalmente depois dos Jogos Olímpicos muita coisa mudou, o reconhecimento no Brasil inteiro pelo nosso esporte, o apoio que a canoagem está conseguindo ter agora, mas o que mais mudou foi o reconhecimento pelo meu trabalho e de toda equipe brasileira, a canoagem está sendo vista com outros olhos graças a esses novos resultados e eu fico muito feliz por estar contribuindo com isso.

 

O que você acha que deve ser feito para que o esporte olímpico seja mais divulgado no país?

Alguns esportes são muito valorizados no país, não era o caso da canoagem, mas para mim nenhum esporte seria reconhecido se não houvesse resultado, só ganhando a medalha de ouro para a canoagem ser mais reconhecida no Brasil!

 

Você é uma grande promessa para as Olimpíadas 2016. Quais são seus objetivos daqui pra frente?

Quero continuar no meu ritmo de competições, me preparar ainda mais, ganhar novas experiências e fazer o que eu já aprendi durante vários anos de canoagem, apenas quero fazer o que eu amo e estar feliz por isso.